sábado, 24 de abril de 2010

Tenho raiva de vocês





Não me agrada ter que olhar para vocês, saber que vocês existem, e o pior de tudo é não conseguir abstrair a vossa existência que tanto me desassossega. O descaso de vocês é clichê para mim, eu detesto vocês com todas as minhas forças, queria pulverizar um por um, ainda assim não me sentiria bem, pois só em saber que vocês existem e fizeram o que fez (vem fazendo) isso anula todas as possibilidades de me sentir bem, por completo. Queria não poder alimentar esse rancor que vive em processo de erupção, alimentando minhas ações mais insanas e perversas, que por sua vez, sempre esteve presente em mim, e por culpa de vocês que me fizeram ver, sentir, ouvir e pensar o que não desejava, em essência.

O tempo passa, a vontade cresce e continuo ojerizando vocês, minhas inquietações são expressas e observadas em linhas e feições onde muitas vezes a subjetividade oculta e confunde a real objetividade do que lhes falo. Mas é isso, detesto-os e toda sua conjuntura de falsa devoção “euroessencizada” que nos perturba cotidianamente.

sexta-feira, 16 de abril de 2010




Artigo avaliado e aceito para compor a programação do VI ENECULT – 2010, que será realizado entre os dias 25 e 27 de Maio, na Reitoria da UFBA e na FACOM (Faculdade de Comunicação).

Em breve estarei disponibilizando a data e horário exato da apresentação para quem tiver interesse de assistir as explanações que irei fazer sobre a pesquisa que desenvolvi ao longo de 2009. Provarei que o RAP não é apenas o que você pensa!

sexta-feira, 9 de abril de 2010

A cidade deles





É na dualidade das veias extensas da cidade deles, no turno mais eficiente, onde a captação dos detalhes é vista com maior precisão, que se entende o que se faz com os indivíduos, durante o outro turno, oposto a calmaria que vem logo após o crepúsculo. São nessas veias de concreto e betume que afloram o subterrâneo urbano, nas madrugadas as quais se vivem as vidas, sem pudor, na mais pura emoção mundana possível sem preocupações com o amanhã, nem com o agora, chamo isso de fuga, algo que se faz necessário.

No subterfúgio da cidade deles é onde se percebe a conseqüência de infinitas ações programadas, ou até mesmo da falta delas, que põem muitos indivíduos a beira da mais perversa insanidade comportamental, comportamento tão cruel que os levam a morte, por muitas vezes. Mas, não passam de números para eles, dessa forma os acontecimentos que rege o turno temido, obscuro e silencioso que tanto me intrigam e fazem com que eu reaja de alguma forma, fazendo meus textos ou até mesmo metamorfoseando meu comportamento.

Aquela cidade deles de outrora, continuam a mesma, mesma perversidade que afligi uma infinidade de seres, e acaricia o ego de uma minoria dissimulada que pensam ser os donos de algo que nem existe. A cada dia mais os transeuntes noturnos me instigam a saber o que se passa na ótica de cada um, no que diz respeito a cidade. Um dia vou tornar minha cidade fictícia em objeto palpável, sem me preocupar com eles, e deixar eles com cólera, pois é como aquela velha história "O machado esquece; a árvore recorda”.





domingo, 4 de abril de 2010

Só noticias ruins!


Não sei qual a explicação porque você só me traz noticias ruins, tragédias, misérias e coisas do gênero. Preciso de emoções boas, já se fazem 25 anos que estou inserido nessa esfera de infortúnio, eu necessito de graças, de luzes e de razões. Viver é uma mutilação cotidiana, e eu não tenho tato pra isso, eu sou fraco, muito sentimental, e meus dramas não funcionam mais como antes. Às vezes acho que é o fim, mas não pode ser, sempre há uma pontinha de esperança, por mais ínfima que seja, e muitas das vezes nem a vejo, mas sei que existe, por hora vou vivendo dessa esperança que me cansa e me destrói paulatinamente. E nem pensem que minhas palavras são atribuições hiperbólicas, pois não são, isso é vida real, é o sentimento expresso na mais pura essência possível.


Certas notícias me fazem refletir sobre minha vivencia, ou melhor, sobrevivência, meus sentimentos nostálgicos me fazem chorar, querer quem não tenho mais, e querer o que nunca tive, me fazem deixar de existir por alguns momentos quebrando todas as amarras que ainda existem sobre meus ombros escravos. Se ainda sou o que sou é por ti, por ti e por ti também, pessoas que pude confiar, aprender, amar e ser o que sou, e muito me orgulho de tudo, queria mais e mais, mas não deu, a maldita vida é efêmera, e não nos contempla com a eternidade. Chega de notícias ruins, pra nós, chega de sofrimento, enfim... Precisamos de paz, mesmo que seja com "sangue" alheio, ela virá.

quinta-feira, 1 de abril de 2010



O outro na cidade contemporânea
Entendendo os pichadores



Compreender a cidade a partir da ótica dos pichadores pode ser mais complexo do que o imaginado, pois nos remete a uma questão de identidade e busca de espaço, dentro de uma sociedade excludente, e que oculta a visibilidade do outro. É possível perceber, na área core, das grandes metrópoles a expressividade dessa arte marginal, vista como "subcultura" no contexto da cidade contemporâneas e suas amarras. É como se um pequeno pedaço do universo do "morro" e ou subúrbio, "invisível", pouco visitado e contemplado no imaginário coletivo urbano, deixasse um vestígio, ou melhor, é como se a cidade do outro se inscrevesse na cidade "ordenada", "desejada" e "conhecida".
Em entrevista a um pichador da cidade de Salvador, ele nos ajudou a esclarecer o motivo das pichações se concentrarem nas áreas centrais das cidades, dizendo que: "no centro a visibilidade é maior, todos vão ao centro. A periferia já é suja demais" em um outro momento ele nos diz, "A intenção é sujar a burguesia, na área mais nobre da cidade, e colorir e dar vida na favela. Não ‘curto’ riscar casa de pobre que dá um duro danado pra pintar, pra ir um lá e pichar". Com essas palavras, podemos perceber o teor de insatisfação social que esses jovens carregam com sigo, se utilizando de instrumentos marginais, no caso a pichação, para expressarem suas insatisfações defronte a cidade. A respeito das relações existentes nos espaços, o sentimento de pertencer a um espaço ordenado ou habita-lo valoriza o homem; inversamente, o homem se sente desvalorizado quando o espaço ao qual pertence ou onde mora é desvalorizado. Dessa forma podemos entender o motivo pelo qual esses indivíduos, mas especificamente os jovens, desejam esses outros lugares que tem padrões de vida muito diferente das realidades as quais eles vivenciam em seus cotidianos marginalizados. Essa é uma possibilidade de interação com a cidade, a qual lhes é negada, em uma nova dinâmica. Uma vez que, nem todos têm igual direito à cidade, simplesmente porque, a rigor, há dois tipos de cidadania e, por esta via, dois tipos de cidadãos. Existe a cidadania conquistada e a sua oposta, a cidadania dada.