sábado, 23 de agosto de 2008

Todo mundo diz ser MC

Tem uns malucos que são indigestos até umas hora, aderem o movimento Hip Hop por modismo e agora vem querendo pesar pra cima de mim que assimilei a parada a 12 anos, quando chapei ao ouvir o LP Holocausto Urbano – Racionais mc’s. Todavia nem por isso me sinto na obrigação de ser um mc, mas como diz o Mc Baga – “...não seja um tolo que só idolatra, de mãos atadas sempre acaba sem nada...” - E a cada dia venho me reciclado e jogando fora muita coisa que não presta. Mas, deixa rolar... saca só que fita:

- O “mc”: E ai Johnny!

- Eu :Cole?

- Você é mc né? Canta rap e tem um grupo né?

- Não irmão, essas paradas é pra quem tem o dom, e isso é raridade

- Porra! Pensei que tu cantava e pá...fica ai pagando de rapper, rsrsrs...

- Nunca paguei sangue bom, só me identifico com a parada e colo nos sons

- Que nada tem que ter atitude e mandar a rima, fazer letra é fácil tio

- De boa to ligado da colé, mas minha cara é outra um dia meus bagulho vai vira

- Porra, fiz uma letra louca hoje, é assim...pera!

- Manda ai vai, o pivete faz o beat box aqui

- “Sangue, arma, playboy vou te roubar e levar o seu pisante...”

- Louca mermo!Que estilo é seu rap?

- Man, minha parada é revolucionaria, falo de um monte de parada, é bem agresivo

- Sei, bem diferente então, nunca vi nada assim isso é inovador parceiro

- Faço isso numa facilidade da porra man, todo dia faço uma letra

- Isso deve ser um dom, aproveite!

- Lógico né man!

- Vou me sair agora, vou comprimentar os irmãos das ruas ali

- De boa, se quiser fazer uma letra comigo é nóis, tô ligado que você é inteligente

- Tem que ter o dom, tem que ter o dom!

E dose, por um lado vejo que é bom ter uma grande gama de mc’s e grupos de rap, mas por outro aspecto ter que encarar com uns comédia que toda mão que tromba com você só gasta na parada de rap, só fala de rap, só diz que tá produzindo um som bala, tá com um beat de fuder e sampleou um som das antigas que ninguém tem só ele. Isso me fode, dá vontade de matar esses caras. Num vejo originalidade nem profissionalismo na parada, cada um quer seu pedaço no bolo, mas não fazem por merecer. Shift + Delete, ai fica tudo lindo!



sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Coisas das ruas

Um dia de bobeira em casa bateu uma dessas nóias e eu decidir sair para contemplar a noite nas ruas de Salvador, adoro fazer isso, tomei um banho, coloquei uma roupa, coloquei no bolso: a identidade, camisinha e umas moedas. Com os fones no ouvido coloquei um som que representasse fielmente as ruas, ai escolhi ouvir O Pacto – Mc Baga e Mc Filó, e na seqüência deixei bombar nos meus ouvidos a Mix do Gutierrez. Decidir ir ao centro sair andando com um destino prévio, porém mutável a qualquer momento, vou caminhando pela avenida sete, tava mô deserta, paro em frente ao Banco do Bradesco para deixar um Tag. Quebrei a esquerda e na seqüência a direita, pronto tô na Carlos Gomes, olho pro lado e vejo a Bomb Bahia e seu muro todo grafitado, fico admirando a arte dos grafiteiros de plantão da city... Continuo a caminhada e imaginando o que estará ocorrendo nas diversas casas noturnos que ali existem, vejo a movimentação de vários tiozinhos e boyzinhos, nos mais variados carros, numa dessas casas vejo na portaria uma contemplação, momento de gargalhadas entre o segurança e duas mulheres, que se divertem tentando seduzir um tiozinho. Ainda na Carlos Gomes passo em frente ao fliperama e decido jogar uma pouco de The king, cato as moedas no bolso e pego uma ficha, que é o suficiente para me distrair ainda mais... No fliperama tinha um moleque vendendo doces, mas não comprei nada, e fiquei imaginando, um pivete menor de idade por volta das 22:30h ainda com sua guia vendendo doces, bem louco isso, mas logo cai na real porque cada um vive como pode, não podemos nos preocupar com tudo, caso contrario não vivemos.

Nessa caminhada cheguei ao pelourinho, a movimentação estava mortiça, ai logo comprei dois cigarros e sentei-me num dos bancos da Praça da Sé, fiquei ouvindo um som e fumaçando olhando o que estava a minha volta, e não demora muito aparece uma mulher toda produzida com salto alto, maquiagem forte e com uma bolsa nada discreta me perguntando se eu não queria me divertir, pensei rapidamente e respondi – é tudo que eu quero nessa noite daí ela deu um largo sorriso e sentou-se ao meu lado, mas desenganei logo na seqüência ­eu to de onda tia, não é a minha cara isso, daí ela ficou seria e levantou-se do banco. Dei mais um tempo e resolvi ir embora, só na hora de ir embora que caiu a ficha, voltar andando vai ser osso, pensei num taxi - só pensei mesmo - mas nem dá não tenho grana nem pro ônibus quanto mais... Fui na fé, e resolvi ir pela Avenida Sete, porque é menos movimentada, e logo no Largo de São Bento avistei de longe três meliantes, dois adiantaram o lado assim que me viu e o outro atravessou a pista, pensei em evitar o confronto e retornar, mas o meus instinto sempre fala mais alto e me faz encarar esses desafios, continuei a andar com a atenção redobrada, passei pelo primeiro na tranqüilidade nem olhei pro lado, porém tinha mais dois logo a frente, fui andando e os dois vieram em minha direção e o terceiro veio por traz na maior agressividade, num "flesh" pensei no que tinha acontecido com Spok, o moleque tinha encarado cinco que tentou fechar ele... Então, porque não vou encarar três? Partir pra cima deles daí começaram a latir ferozmente, e latiram pra valer, chutei um, corri, peguei uma pedra e lancei em outro, daí o terceiro parou de latir... Sai andando e só olhando pra traz, mas tá tranqüilo, só fiz suar a toa com aqueles vira-latas.

Nas mediações da Praça da Piedade trombei com um “maluco” que mora nas ruas, carregando uma caixa na cabeça ele me avistou de longe e foi logo alarmando gritando e ai man, chega ai, chega ai na moral, eu parei e perguntei, colé? Ele indagou você anda de skate é? Respondi que não. Ele tava querendo vender um tênis, me interessei, mas falei que estava quebrado daí ele me pediu qualquer grana, meti a mão no bolso catei as moedas tinha R$ 2,00, levei o bute. Peguei um saco na rua mesmo, porque sair naquela hora pelas ruas com um tênis na mão era pedir pra ser enquadrado, botei o tênis e sair na tranqüilidade. Cheguei em casa cansado e feliz pelo rolê, peguei o bute e fiquei apreciando, pisante louco, bem street, até hoje eu o uso.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Um dia na...

É rotineiro dormir tarde e acordar bem cedo, mas não reclamo, estou sempre na disposição para viver, na verdade nem sempre, mas tá valendo... Levanto-me e vou logo pro computador, verificar os e-mails e ver os classificados, em busca de um emprego, nunca tem - todo ser humano que vive nesse sistema que nos rege precisa de um - porém dessa exploração ainda estou livre. Daí eu ponho uma música para que sirva de trilha sonora do dia, administro meu jogo online (Tribal Wars), dou uma rondada na internet, deixo uns recados para uns amigos (as) e faço o que todo ser “normal”, faz ao acordar.

Troco umas idéias com a família, resenhas, contos, momentos de alegria. Retorno ao computador para fazer uns downloands de filmes e interagir com o povo etc e tal... Tento ler uns artigos acadêmicos, mas não dá não estou afim, quero aproveitar o dia e dar valor ao ócio, e por outro lado eu também tava com a cabeça na noite passada tinha “enfiado o pé na jaca”... Aumento o volume do som, rap é a trilha, e ouço o telefone tocar, um parceiro me liga avisando que tem Play na casa dele hoje, não desconverso, falo que estou indo, aviso a família que vou descer, pois tenho que colar no asfalto na casa de um amigo e retorno mais tarde. Vou com aval, e proteção... Desço as escadas entro numa viela e saio numa outra escadaria dando de cara com o asfalto é só atravessar a pista, atravesso na faixa sou precavido e não dou chance pro azar, e ir andar uma quadra e já era. Chegando à frente do prédio ligo pro parceiro avisando que cheguei, fico aguardando ele descer pra me pegar, mas nesse intervalo o segurança do prédio fica me filmando o tempo inteiro, e se questionando - qual é desse neguinho todo largado ai na frente? E eu o ignorando, era só o porteiro ele deve está cabreiro mesmo, mas ta tranqüilo,é o trabalho dele. Daí meu amigo chegou e nos cumprimentamos e subimos, dei um chauzinho por porteiro, e já era. Foi uma tarde de diversão, entre risadas e assuntos sérios, nos “gradeamos” no vídeo game. Não tava no melhor dia, confesso, não supri as expectativas de outros encontros, duas derrotas, um empate, uma vitória e três pênaltis perdidos... Ai uma mina me liga querendo saber se eu ainda estava na casa de minha tia, mesmo bairro que ela mora, falo que sim mais no momento tinha descido pra ir na casa de um colega, pedi pra ela me ligar depois, assim que ela sair do trabalho.

Meio bolado pelo desempenho fico na janela apreciando o crepúsculo, é quando o telefone toca, era minha prima avisando que mataram um em frente a casa dela, dois tiros a queima-roupa, ela tava preocupada e não queria que eu voltasse tarde pra casa, pois ninguém me conhecia naquela quebrada, eu era um forasteiro, falei que tava tranqüilo e logo, logo tava chegando. Despedir-me da galera e fui pra casa de minha tia, zem sem stress, passei uma quadra, cruzei a pista, na faixa lógico, parei na esquina pra comer um acarajé, mas a baiana disse que ainda ia demorar pra sair, pois ainda iria assar, ai eu falei - de boa tia depois eu passo aqui. Continuei andando subi a escadaria, entrei numa viela, e subir outra escadaria onde me deparei com uma grande mancha de sangue e um tiozinho lavando o local, logo percebi que era sangue do individuo baleado. Olhei pra baixo da escadaria, não avistei ninguém, olhei pra cima, dois “malucos”, segui de cabeça erguida, um deles falou – êa e eu repondi fazendo um sinal de positivo – e ai! Abri o portão e o moleque, filho de minha prima, foi alarmando é Johnny é Johnny, mãe!

Pronto cheguei e tô de boa, valeu pela preocupação! Indaguei o que havia ocorrido, mas sem muito interesse em saber. Conversamos um pouco e logo subi para o quarto onde minha prima estava jogando, na verdade ela estava tentando jogar, Super Mário no computador. Dei uns macetes e deixei ela desenvolver. Deitei na cama coloquei o fone nos ouvidos, Gutierrez, ai o telefone toca, outra vez, era a mina querendo me ver, ai imediatamente eu penso num baratino, pra não me encontrar com ela. Falo que minha tia não vai me deixar sair porque teve um tiroteio aqui nas áreas e o “clima” está tenso, já era fita resolvida, dou um beijo e falo que estou com saudades, ai minha tia me olhar e ri. Continuo ouvindo o som...